Por Ricardo David, sócio-fundador da Elev
Sabe aquela angústia que toma conta da gente quando percebemos que é preciso abastecer o carro, mas logo lembramos que com R$ 50,00 não conseguimos colocar nem 10 litros de gasolina no tanque? Pois é, as expressivas e recorrentes altas dos preços dos combustíveis levaram a maioria de nós a pensar duas vezes antes de tirar o veículo da garagem. Imagina então o tamanho da preocupação daqueles que dependem disso para viver, como taxistas, motoristas de aplicativo ou empresas com grande frota.
Mas em um futuro próximo essa realidade vai mudar. A energia que abastecerá automóveis virá de fonte limpa e renovável, energia essa que representa um total de 80% da produção energética do Brasil. É importante considerar que os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que até 2035 espera-se que 60% da frota de automóveis no Brasil seja de carros elétricos. O impacto desse aumento no consumo de energia elétrica no Brasil, se houver um planejamento e estruturação para essa demanda, poderá ser integralmente suprido por fontes de energia alternativas. Não apenas a solar, mas também a eólica.
O Brasil está na lanterna da corrida pela eletrificação dos automóveis. Porém essa é a solução mais viável para o atual momento. Nesse paradoxo, ainda temos algo que foi pouco explorado e que será uma transformação neste momento de transição dos automóveis à combustão para os elétricos: a energia solar.
Pode parecer algo distante, mas a energia solar no Brasil evoluiu muito no início do século. E, por mais óbvio que pareça, é importante ressaltar que podemos acabar com a poluição causada pelos veículos por meio da ação em conjunto para o desenvolvimento do setor de energia solar e dos carros elétricos.
É de se estranhar que essa realidade não tenha ainda chegado a nosso país, ainda mais quando lembramos que somos o fornecedor de lítio para a produção de baterias para inúmeras montadoras do mundo, como é o caso da Tesla. Porém, essa renovação pode ser a saída para fortalecer, não apenas o setor dos automóveis elétricos, como toda a economia do Brasil.
Se investimos tanto, por tantos anos, agora é o momento de buscarmos uma conciliação, que possibilite que o combustível do futuro venha do céu. O sol, que é praticamente um símbolo nacional, também pode ser a saída para a crise dos combustíveis, amplificando ainda mais a capacidade do nosso país de se desenvolver economicamente.
Eu imagino um futuro que tenhamos a possibilidade de produzir energia solar para abastecer uma frota crescente de automóveis elétricos. No qual o setor público diminua as suas despesas com automóveis por meio de eletrificados e que toda essa energia possa ser proveniente de um recurso que não é escasso e que não sofre variações tão constantes como os combuistíveis fósseis.
O Governo precisa observar o crescimento do setor da eletromobilidade e da produção de energia alternativa, para que possamos ter uma política cruzada, que busque um crescimento ordenado de ambos os setores. Esse momento de alta dos combustíveis deveria ser um momento de reflexão: vamos continuar esperando o novo aumento ou vamos trabalhar para transformar as fontes energéticas dos veículos no Brasil? Cabe a reflexão.